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GT7.
Inventariação, recolha e informação sobre betões

Coordenação Eng.º Manuel Vieira

Introdução Cimento
Pré-Industrial
Cimento Industrial O betão
em Portugal
Betões a caracterizar Métodos de
ensaio para betões

Resenha histórica até ao advento no século XX

A ideia da utilização de misturas de pedras e areia com um ligante é talvez tão antiga como o Homem, mas as realizações mais primitivas não chegaram aos nossos dias, certamente devido à natureza do ligante que seria provavelmente a argila. Ainda assim, tem sido contínuo o registo de demonstrações de betão cada vez mais antigas, destacando-se as descobertas em Yiftah EL, no sul da Galileia, de piso em betão com cal como ligante datada de cerca de 7000 a.C [Malinowski and Garfinkel, 1990] e, na Europa, em Lepenski Vir, na atual Sérvia, nas margens do rio Danúbio que data de 5600 a.C. que constituía o pavimento térreo de uma habitação; o ligante utilizado foi uma cal parda [Srejović, 1969]. Entretanto, no Egipto, num mural de Tebas, datado de 1950 a.C. há a descrição do emprego de argamassa e betão [Stanley, 1979].
A utilização deste tipo de material estendeu-se certamente a toda a zona mediterrânea, tendo tido grande expressão nas construções romanas, onde eram empregues misturas de pedras e areias (por vezes de natureza pozolânica) com cal que apresentavam resistência, mesmo quando sujeitas à ação da água [Sousa Coutinho, 1988]. Existem ainda algumas das estruturas então construídas, as quais incluíam aquedutos, pontes, cais, molhes e grandes edifícios.
Um dos testemunhos, ainda existentes, da utilização do betão na época romana, data do início do segundo século da nossa Era (118 – 125 d.C.), quando o Panteão de Roma foi reconstruído pelo Imperador Adriano, após ter sido destruído por um incêndio. O betão foi particularmente utilizado na construção da abóbada da cúpula deste monumento (Figura 1) usando pedra-pomes como agregado grosso para diminuir o peso-próprio da estrutura. Esta abóbada é grandiosa, não só pela sua dimensão, cerca de 44 m de diâmetro, pelo tipo de construção, mas também pelo excelente estado de conservação após quase 2000 anos.
Os livros sobre arquitetura de [Vitrúvio, 2006] escritos no século. I a.C. informam sobre as tecnologias de construção e os materiais mais utilizados pelos antigos romanos. Os mesmos processos de construção foram utilizados sem evoluções substanciais até ao séc. XIX, época em que, com a revolução industrial, ocorreram inovações técnicas e descobertas científicas que levaram à implementação do betão como material de referência na construção [Vitrúvio, 2006; Hewlett, 1998]. Refira-se, em particular, entre estas inovações, o advento dos ligantes hidráulicos, a partir da aprovação da patente de um processo para obtenção do cimento Portland (nome dado por a cor do cimento ser parecida com a da rocha da ilha de Portland) apresentada por Joseph Aspdin, em Leeds, em 1824.

Bibliografia

Hewlett, P. – Lea’s chemistry of cement and concrete. 4th Ed. Elsevier Ltd., Burlington, 1998. 1092 p.
Malinowski, R.; Garfinkel, Y. Prehistory of Concrete, Concrete International, 1990, 133, pp. 62-68.
Sousa Coutinho, A. Fabrico e propriedades do betão, Volume 1. 2ª ed. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1988. 401 p.
Srejović, Dragoslav. Lepenski Vir, nova praistorijska kultura u Podunavlju, SKZ, Belgrad, 1969, pp. 42-92.
Stanley C.C. Highlights in the History of Concrete, Cement & Concrete Association, 1979. 44 p.
Vitruvius, M – Vitrúvio-Tratado de arquitectura. Trad. M. Justino Maciel, IST Press. Lisboa, 2006. 454 p.

Figura 1 – Panteão de Roma (Imagem extraída de
http://romeonsegway.com/10-facts-about-the-pantheon/ a 28-09-2018)